15.2.10

Novos remédios em 2010 para tratar dor e cancro


Substâncias inovadoras vão entrar no mercado português até ao fim do ano beneficiando milhares de doentes, até agora sujeitos a tratamentos dolorosos.
Um novo medicamento para o cancro avançado da próstata, um antiepiléptico de uma empresa nacional e a pílula dos cinco dias seguintes são alguns dos novos medicamentos que chegam este ano a Portugal e podem beneficiar milhares de doentes.
A EMEA (Agência Europeia do Medicamento) aprovou em 2009 mais de 65 remédios inovadores, além de genéricos e remédios que alargaram a utilização a outras doenças.
Um dos mais esperados será, certamente, a pílula contraceptiva que tem eficácia mesmo ao fim de cinco dias depois uma relação sexual desprotegida. É o acetato de ulipristal do laboratório HRA Pharma e será distribuído em Portugal pela Tecnifarma. Depois da aprovação pela EMEA a 19 de Março, foi reconhecida pelos Estados membros em Maio. A pílula custará 33,10 euros no mercado português e é uma alternativa às actuais, que são eficazes até às 72 horas seguintes. Apesar de os especialistas considerarem esta solução importante para prevenir uma gravidez indesejada, alertam para as elevadas dosagens. O ginecologista Miguel Oliveira e Silva alertou recentemente que há "risco de embolias e trombose para quem use excessivamente as pílulas ou tenha antecedentes familiares destas doenças".

Também para mulheres, surge uma nova resposta na prevenção da osteoporose, que afecta perto de meio milhão de portugueses, e uma em cada três mulheres após a menopausa. A doença caracteriza-se pela perda de densidade óssea e está associada a milhares de fracturas por ano. O fármaco da Pfizer, bazedoxifene, foi aprovado pela EMEA em Fevereiro e deve chegar este ano - o pedido de comparticipação foi para o Infarmed em Dezembro. O remédio reduziu em 50% as fracturas ao fim de dois anos e a densidade óssea das mulheres manteve-se.
No tratamento do cancro da próstata avançado surge mais uma alternativa de tratamento: o degarelix. "É um antagonista do LHRH, uma hormona responsável pela produção de testosterona, que agrava o cancro", conta Tomé Matos Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Urologia. Para além de evitar a castração cirúrgica do homem, passando a ser feita através de medicamentos, tem a vantagem de reduzir logo os níveis de testosterona.
"Os anteriores não tinham esse efeito e podiam elevar a produção da substância nas primeiras semanas, que pode agravar o cancro." O médico refere ainda que o remédio deve começar a ser vendido em Setembro ou Outubro".

A lidocaína é usada contra a dor já há muito tempo. Este ano, porém, chegará a Portugal uma nova formulação (lidoderme) por parte da Grünenthal. "É um emplastro embebido num hidrogel que controla a dor localmente e não actua como é habitual, ou seja, como anestésico." Primeiro fica nas camadas superficiais da pele e actua sobre as fibras nervosas adormecendo a dor", diz Jorge Brandão, director médico da empresa.
Até agora, tem sido aplicado numa doença de pele: zona. Esta é causada pelo vírus herpes zóster, que provoca manchas, bolhas e pode deixar cicatrizes, além de dor. O tratamento tem sido utilizado com autorizações de utilização especial. O Infarmed está agora a avaliar a sua introdução nas farmácias. Em breve, poderá ser aplicado noutras circunstâncias, como a neuropatia diabética.

Chega ainda ao mercado o novo antiepiléptico da portuguesa Bial, aprovado pela Comissão Europeia em 2009. O acetato de eslicarbazepina "deverá começar a ser comercializado no início deste ano", confirma fonte da Bial. Com uma toma única diária e combinado com outros tratamentos, este remédio reduziu em um terço o número de crises parciais dos doentes epilépticos, que se estima que sejam 50 mil no País.
Só em 2009 foram aprovados mais oito medicamentos para estas doenças. Este ano deve chegar uma aprovação de 2008, contra a fenilcetonúria. A doença, que já afecta 300 portugueses (crianças e jovens), deve-se a uma mutação no gene PAH, que altera a estrutura da hidroxilase, responsável pela subida da fenilalanina. A doença pode evoluir para atrasos mentais e de desenvolvimento graves se não for tratada e este é o primeiro medicamentos no mercado. O kuvan é da Merck Serono e conseguiu reduzir os níveis de fenilalanina de 20% a 56% dos doentes.

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