11.2.10

Cancro é principal causa de morte natural em crianças com mais de um ano


O cancro pediátrico é uma doença rara mas "é a principal causa de morte natural em crianças com mais de um ano em Portugal", afirmou hoje a oncologista pediátrica do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Gabriela Caldas, que apresentou em Lisboa um estudo sobre o tema. Em primeiro lugar na mortalidade surgem os acidentes.
Os tumores mais frequentes entre os mais pequenos são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas (Paulo Pimenta)

Os dados são parcelares mas dão um retrato do problema no país: em cinco anos (entre 1998 e 2002) houve 619 crianças diagnosticadas com cancro na região Sul, o que inclui Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Madeira (englobando cerca de metade da população do país).

O problema da falta de articulação entre os três registos oncológicos (Sul, Norte e Centro) arrasta-se há anos, constata-se, por exemplo, no Plano Nacional de Prevenção e Controlo das Doenças Oncológicas 2007/10. Resultado? Os dados de cancro pediátrico, assim como de outras neoplasias, não são comparáveis com os recolhidos no restante território nacional, constatou Ana Miranda, directora do Registo Oncológico Regional do Sul, estrutura que hoje e amanhã tem as suas XVII jornadas, em Lisboa.

Os cancros pediátricos representam um por cento do total de todas as neoplasias registadas: uma diferença entre os 123 novos casos por ano que acontecem em crianças dos zero aos 14 anos, face aos cerca de 18 mil casos totais, nota Ana Miranda.

Os tumores mais frequentes entre os mais pequenos são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. Os rapazes são mais afectados, representando 54 por cento do total de casos, referiu a oncologista Gabriela Caldas.

Em termos europeus Portugal não destoa em termos de incidência e sobrevivência realçou Ana Miranda. Mas há uma diferença por explicar num dos tipos de linfoma: “no linfoma de Burkitt Portugal tem uma taxa de incidência significativamente mais alta, 30 a 40 por cento ”, algo que também acontece em Espanha que já “está a investigar a questão”. “Temos que fazer mais estudos”, notou, aventando uma pista: este é um tumor muito importante em África e na raça negra e os países do Sul da Europa “têm mais mistura de raças do que no Norte da Europa”.

Contas feitas, as crianças sobrevivem muito mais ao cancro do que os adultos, por um conjunto de razões que misturam a sua maior resistência e melhor resposta a tratamentos como a quimioterapia, referiu Gabriela Caldas. Existe uma enorme variedade em termos de taxas de sobrevivência, dependendo do tipo de tumor em causa, mas em média cerca de 70 por cento das crianças sobrevivem ao cancro – um número que tem vindo a ser melhorado pela melhoria do diagnóstico e tratamentos, refere a oncologista pediátrica. Ou seja, cada vez tenderá a haver mais crianças com cancro que se tornam jovens e adultos. Estima-se que hoje em dia uma em cada 700 jovens ou adultos sejam sobreviventes de cancro pediátrico, juntou.

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